segunda-feira, 27 de junho de 2011

Procedimentos cirúrgicos

            A intervenção cirúrgica é indicada segundo os critérios estabelecidos pelo Painel de Conferência de Desenvolvimento de Consenso do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (1991). Nele incluem pacientes com um IMC maior que 40 (obesidade de grau três), pacientes com IMC maior que 35 que apresentem comorbidade cardiopulmonar grave ou diabetes severa e, ainda, pacientes que avaliados por médico experiente em matéria de tratamento da obesidade, tenham pequena probabilidade de sucesso com medidas não cirúrgicas.


O tratamento cirúrgico não envolve a remoção de tecido adiposo. Seu objetivo é reduzir o tamanho do reservatório gástrico e, em alguns casos, induzir a má absorção dos alimentos. Assim, o paciente terá a capacidade de reduzir drasticamente a quantidade de comida ingerida. O acompanhamento de médicos e nutricionistas antes e depois da cirurgia (pelo menos por dois anos) é essencial para o seu sucesso. O paciente deve seguir um monitoramento rígido sobre a sua dieta, hábitos alimentares e atividade física.


Hoje em dia, têm-se várias técnicas de cirurgia, cada qual com objetivos específicos. A tendência é substituir a via cirúrgica tradicional pela via laparoscópica (são feitos pequenos orifícios na parede abdominal por onde são introduzidas "mãos mecânicas", manipuladas pelo cirurgião), é um método novo e eficaz e por ser menos invasivo e mais preciso oferece nova perspectiva de vida aos pacientes portadores de obesidade mórbida.

·     Balão intragástrico: Na maioria dos casos é indicado que o paciente perca peso antes de realizar a cirurgia. Para isso, utiliza-se o balão intragástrico.Ele é aplicado por via endoscopia e quando chega ao estômago é inflado, ocupando o seu espaço e aumentando a sensação de saciedade. Geralmente,o paciente chega a perder  cerca de 18 kg.Por si só, não é um método eficaz, visto que deve ser retirado em até seis meses e em sua maioria sua retirada provoca reganho de peso.Porém, é um método que ajuda muito os pacinentes que irão passar pelo processo cirúrgico e têm de perder peso rapidamente com intuito de diminuir os riscos cirúrgicos.


Classificação




1-Operações que reduzem a absorção intestinal dos alimentos.



·         By-pass (desvio) jejunoileal:

Foi à primeira operação realizada com o objetivo de redução de peso. Concretizou-se a partir de Kremen e Liner, em 1954. Consiste em criar um atalho para o alimento por meio do By-pass. Assim, o alimento ao invés de percorrer todos os 12 metros de intestino, passava só por 2,5. Porém não se retirava nenhum segmento de intestino garantindo a reversibilidade da cirurgia. . Esses procedimentos promoviam a incidência de complicações graves como insuficiência hepática, cirrose, nefropatia por oxalato, artrite e deficiências metabólicas. Por isso, não é mais realizada atualmente e os pacientes que se submeteram a ela no passado são intimados a fazer o processo de reversão.




·          By-pass jejunocolônico:


Utilizava a mesma técnica, porém restringia ainda mais a área de absorção.Também foi proibida.


2-Operações de restrição gástrica


Fazem com que uma menor quantidade de alimentos promova a saciedade por meio da redução estomacal.

·         Grampeamento gástrico


Essa operação divide o estômago por meio de grampos de titânio.O segmento superior apresenta um volume menor que receberá o alimento e será responsável pela rápida sensação de saciedade.Ele é ligado ao segundo esômago por meio de um canal criado( o esôma), chegando lá o alimento passará normalmente pelo processo de digestão.



·         Gastroplastia vertical com banda

     Separa o estômago em 2 compartimentos.Oprimeiro contém um espaçamento pequeno e se enche rapidamente, promovendo a saciedade.O segundo estômago recebe gradualmente e lentamente o alimento proveniente do primeiro estômago, seguindo com o processo normal de digestão. Os compartimentos são separados por uma banda gástrica que irá ser descrita a seguir.






·         Banda gástrica

     Um pequeno anel de silicone que separa o estômago em dois compartimentos. Hoje em dia, utiliza-se da banda regulável, coloca-se um balão ligado ao anel que permite o seu estreitamento e o seu alargamento até o paciente se adaptar.







3-Operações que combinam a restrição gástrica com indução de “Dumping” (má absorção)


·         By-pass gástrico associado a Y de Roux

     O estômago é grampeado reduzindo o seu espaço para 20 ml. O intestino é desviado e preso ao novo estômago em forma de Y de Roux, reduzindo a sua capacidade de absorção e, por conseguinte, induzindo a  síndrome de Dumping (mais freqüente no primeiro ano após a operação). Ela promove uma perda de peso rápida e grande (cerca de 70 a 80 por cento do peso excedente). O paciente fica limitado a se alimentar pois o excedente da comida provocará vômitos. O anel de silicone não é utilizado neste procedimento.



 Mais recentemente, foi introduzida modificação no by-pass. O desvio no intestino foi intensificado com intenção de aumentar o efeito de má absorção dos alimentos, além disso, foi introduzido um anel de Silastic na parte superior do estômago impedindo a sua dilatação e  retardando o seu esvaziamento . Esta operação é conhecida como operação de Capella ou Fobi-Capella. Os efeitos colaterais potenciais desse procedimento são os mesmos do By-pass associado a Y de Roux, assim como, sua eficiência.



4-Operações que combinam má digestão, com má absorção e restrição gástrica.


·          Derivação biliopancreática:

 Foi desenvolvida pelo professor Nicola Scopinaro, da Universidade de Gênova, na Itália, e consiste em uma restrição do estômago de até 50 por cento por meio da aplicação de grampos metálicos de aço titânico, dividindo o estômago em duas partes. Em seguida realiza-se a anastomose (junções) em Y de Roux com o intestino delgado, assim, a mistura de bolo alimentar com a bili percorrerá somente 50 centímetros de intestino delgado (limitando muito a absorção de gordura e outros nutrientes) que desembocará no intestino grosso. É uma operação que visa mais a má-absorção do que a restrição gástrica quando comparada a técnica de By-pass e Capella. Apesar de sua eficiência, a operação induz vários efeitos como diarréia após a ingestão de gordura, má absorção de ferro, cálcio, vitamina B12 e de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) que requerem suplementação parenteral. Pode, também, causar cirrose no fígado e provocar gases de odor extremamente desagradáveis. A perda de excesso de peso nesta cirurgia está entre 80 a 95 por cento. É reversível.
Foram introduzidas modificações como o switch duodenal. 
·         Switch duodenal:

 O alimento passa por um estômago reduzido cirurgicamente sendo mantida a válvula natural (piloro). Ocorre assim um fenômeno restritivo à passagem do alimento. Esse alimento percorre 3 metros de jejuno onde recebe o suco bileopancreático. A mistura percorre 50 cm e desemboca no intestino grosso. Essa cirurgia provoca um menor efeito dumping que a de Scopinaro, e o paciente tem menos alteração metabólica e menor produção de gases fétidos.
 


   Um aspecto importante das cirurgias de Scopinaro e Switch duodenal é que ambas as cirurgias não restringem muito o estômago e induzem um alto efeito dumping, fazendo com que o indivíduo pós- cirúrgico possa continuar ingerindo uma grande quantidade de alimento sem engordar( a maior parte dos alimentos ingeridos não vai ser absorvida). Esse é um dos aspectos sobre os seus maiores sucessos hoje em dia.

Complicações


As taxas de mortalidade para os processos cirúrgicos em geral são relativamente baixas (menores do que um por cento). A morbidade no pós-operatório imediato (infecção de ferida operatória, deiscência, fistulas, estenose de estoma, úlceras marginais, pneumopatias e tromboflebites) situa-se em torno de 10 por cento do total de cirurgias realizadas. A banda gástrica ajustável, por ser modalidade operatória de introdução mais recente, tem menor seguimento médio, mas já permite análise dos riscos. Ela revela os índices de menores riscos (mortalidade média de 0,04 por cento).


Resultados


O esperado para o pós-operatório é de uma perda de 50 a 60 por cento do excesso de peso em relação ao pré-operatório. É também esperado que o paciente reduza o seu IMC em 10 unidades até os 24 meses pós-operatório. Conclui-se, desse modo, que a cirurgia bariátrica nas suas diversas modalidades é capaz de oferecer nova perspectiva de vida aos pacientes portadores de obesidade mórbida.











Postado por Ana Luísa Neiva Melo

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