Doenças cardiovasculares
•Hipertensão
Pesquisas indicam que as doenças cardiovasculares estão diretamente ligadas ao aumento da atividade simpática em organismos obesos. Esta é causada, principalmente, pela elevação de ácidos graxos livres, da insulina, da leptina no organismo e do sistema Renina-angiostensina-aldosterona.
A atividade simpática é facilitadora ou estimuladora de todas as propriedades do coração, expressando-se por aumento da freqüência cardíaca, diminuição do tempo de condução átrio-ventricular, hiperexcitabilidade do tecido excito-condutor e das fibras contráteis miocárdicas, e aumento da contractilidade.
A insulina tem efeitos tanto no sistema nervoso central quanto na terminação nervosa periférica, aumentando o tráfico de impulsos nervosos e a disponibilidade das catecolaminas na fenda sináptica. Ela eleva a liberação de adrenalina e estimula a reabsorção renal de sódio e água. A elevação no conteúdo de sódio intracelular promoveria aumento da saída de íons hidrogênio do citosol graças à atividade da bomba de sódio-hidrogênio, elevando o pH intracelular. O aumento do pH estimularia a ação de fatores de crescimento sobre células musculares lisas causando menor saída de cálcio do citosol pela diminuição da atividade da bomba de troca de cálcio e sódio. Estes eventos levariam a vasoconstricção, aumento da resistência periférica e da pressão arterial.
A leptina eleva o tônus simpático, além de promover retenção de sódio (reduz o fluxo de sangue e aumenta a resistência vascular renal), aumentando a pressão arterial e a freqüência cardíaca.Ela também estimula a produção de óxido nítrico através da expressão de seus receptores em células endoteliais, o que justifica seu efeito vasodilatador
O sistema Renina-angiostensina-aldosterona,quando ativado, promove aumento na pressão arterial através da maior retenção de sal pelo rim. Alguns estudos registraram que na obesidade, o angiostesinogênio, precursor da angiostensina, tinha seus níveis séricos elevados devido a sua maior síntese pelos adipócitos, o que geraria mais angiostensina II e elevação da pressão arterial. Alguns estudos tem mostrado ainda que o tecido adiposo visceral tem capacidade relativamente maior de secretar componentes do Sistema renina angiostensina. O que daria mais substrato para esse sistema, resultando numa elevação da pressão arterial facilitada.
•Aterosclerose
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O aumento das lipoproteínas aterogênicas (LDL, IDL e VLDL) e a hipertensão arterial aumentam a permeabilidade da camada íntima das artérias de médio e grande calibre às lipoproteínas plasmáticas, favorecendo a retenção das mesmas no espaço subendotelial. O depósito das lipoproteínas é proporcional as suas concentrações no plasma sanguíneo. Retidas, as partículas de LDL sofrem oxidação expondo neo-epítepos (porções de macromoléculas que se ligam ao receptor dos linfócitos) e se tornam, portanto, imunogênicas. A LDL oxidada atrai moléculas de adesão leucocitária para superfície endotelial. Elas irão atrair monócitos que são induzidos por proteínas quimiotáticas para o espaço subendotelial. Lá eles se diferenciarão em macrófagos e captarão as LDL oxidadas. Os macrófagos repletos de lipídios são chamados células espumosas e são o principal componente das estrias gordurosas, lesões macroscópicas iniciais da aterosclerose. Os mediadores da inflamação causada estimulam a migração de células musculares lisas para a camada íntima. Estas irão produzir citosinas e matriz extracelular (componentes da capa fibrosa da placa aterosclerótica). As placas são formadas por capas fibrosas ricas em colágeno, núcleo lipídico rico em colesterol e células inflamatórias. O seu rompimento expõe material lipídico altamente trombogênico, levando à formação de um trombo sobrejacente. Este processo, também conhecido por aterotrombose, é um dos principais determinantes da perda da elasticidade e do estreitamento das artérias. Caso clínico conhecido como aterosclerose.
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Enfarte no miocárdio.
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O enfarte agudo de miocárdio ocorre geralmente quando a obstrução de uma artéria interrompe o fornecimento de sangue a uma região do coração, causando a morte daquele pedaço de tecido que não está sendo oxigenado.
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Acidente Vascular cerebral.
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O AVC resulta da restrição de irrigação sanguínea ao cérebro, causando lesão celular e danos nas funções neurológicas.
Doenças respiratórias
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Apnéia do sono é uma condição grave na qual paradas respiratórias ocorrem repetidamente durante o sono. O bloqueio acontece quando os tecidos moles na parte posterior da garganta colapsam e fecham durante o sono. Flacidez dos músculos da garganta, estreitamento da via aérea, uma língua grande ou tecido gorduroso extra na garganta facilitam o bloqueio da via aérea e o surgimento da apnéia.
Doenças do trato digestório.
•Colecistopatias
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Os cálculos biliares são formados pela agregação anormal de cristais de colesterol, mucina, bilirrubinato de cálcio e proteínas como a colelitiase. A sua formação em obesos, está ligada a maior saturação de colesterol na bile em relação a outros sais biliares. A hipersaturação de colesterol e a sua nucleação rápida (passagem do estado liquido para o solido) faz com que ele se transforme em cristais sólidos de monoidratos de colesterol. Estes, obstruem os ductos císticos ou hepáticos causando inflamação na vesícula biliar.
•Pancreatite.
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As pancreatites agudas decorrem da ativação de enzimas pancreáticas ainda dentro do pâncreas, por um processo ainda desconhecido na sua totalidade. A partir da ativação de tripsinogênio em tripsina, inicia-se, a transformação de enzimas, antes protegidas em grânulos de zimogênio, em enzimas ativas, como a elastase, a quimotripsina e a fosfolipase A. Elas passam a agir no interior do pâncreas levando-o a um processo inflamatório agudo.
•Esteatose hepática.
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A esteatose hepática (inflamação do fígado devido ao acúmulo de gordura) surge do distúrbio do metabolismo denominado resistência à insulina. O resultado é que as gorduras acumuladas no tecido adiposo em forma de lipídeos são quebradas e transformadas em ácidos graxos para a sua utilização como fonte de energia. Este excesso de ácidos graxos será captado e acumulado no fígado, como uma defesa do organismo no sentido de reduzir o acúmulo destes nos vasos sangüíneos, que leva a diversas outras doenças, como infartos cardíacos ou cerebrais.
Neoplasias
O câncer de mama pode estar relacionado com a obesidade, pois o aumento de colesterol é transformado em hormônios femininos. Seu excesso levaria ao desenvolvimento do câncer e pode também levar a síndrome do ovário policístico.
O câncer coloretal associa-se à ingestão excessiva de ácidos graxos (gorduras) de origem animal e ingestão deficiente de frutas e verduras, ricas em betacaroteno e antioxidantes.
Osteoartrose
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A osteoartrose, também chamada de artrose, é um processo degenerativo articular que resulta de um processo anormal entre a destruição cartilaginosa e a reparação da mesma. Entende-se por cartilagem articular, um tipo especial de tecido que reveste a extremidade de dois ossos justapostos (unidos) que possuem algum grau de movimentação entre eles. O risco de osteoartrose, predominantemente nas articulações que suportam carga, está aumentado em todos os doentes obesos.
Diabetes tipo dois e insulina.
•Insulina.
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas a partir das células β. Quando a glicemia do sangue aumenta, aumenta-se a concentração de glicose dentro das células β (ela é transportada para dentro da célula através da proteína de membrana específica Glut 2 por difusão facilitada ). O grau de metabolismo dessas células aumentará e a glicose será convertida instantaneamente em glicose-6-fosfato pela glicoquinase e entrará na via da glicólise, produzindo dois piruvatos. Estes irão para o ciclo de Crebes e em seguida ocorrerá a fosforilação oxidativa, levando a produção de muito ATP. O aumento da concentração de ATP dentro da célula fará com que o potássio que se encontra na mesma se ligue a ele. Assim, o canal de saída de potássio é fechado dando início à despolarização da célula β. Portanto, a concentração de cálcio dentro da célula aumentará. O cálcio promove a fusão de vesículas do interior das células β na membrana que liberarão a insulina por exocitose.
•Diabetes tipo dois.
Quando a concentração de glicose no sangue é constantemente alta (fator comum em indivíduos obesos), o processo descrito acima é forçado e as concentrações de ATP dentro das células β é sempre alta, fazendo com que suas membranas fiquem muito tempo despolarizadas. Isso levará, com o passar do tempo, a uma exaustão dessas células que se tornarão lesionadas e produzirão cada vez menos quantidades de insulina. Quantidade esta, insuficiente para a concentração de glicose no sangue. Assim o indivíduo ficará com glicemia alta e resistência a insulina, quadro de diabetes melitus do tipo dois.
Infertilidade.
Na mulher, o aumento da insulina no sangue faz com que ocorra uma desrregularização na produção de hormônios que levará ao aumento da produção de hormônios masculinos. Estes que irão dificultar a ovulação.
A Obesidade também afeta a fertilidade masculina, o excesso de peso reduz o nível de testosterona e aumenta o nível de estradiol, comprometendo a produção de espermatozóides.
Bibliografia
http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/7-2/006.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2007001400003&script=sci_arttext
http://www.scielo.br/pdf/%0D/abem/v47n2/a03v47n2.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2002000600012&script=sci_arttext&tlng=es
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2007000700002&script=sci_arttext&tlng=en%C3%83%C6%92%C3%86%E2%80%99%C3%83%E2%80%9A%C3%82%C2%AF%C3%83%C6%92%C3%A2%E2%82%AC%C5%A1%C3%83%E2%80%9A%C3%82%C2%BF%C3%83%C6%92%C3%A2%E2%82%AC%C5%A1%C3%83%E2%80%9A%C3%82%C2%BD%C3%83%C6%92%C3%86%E2%80%99%C3%83%E2%80%A0%C3%A2%E2%82%AC%E2%84%A2%C3%83%C6%92%C3%A2%E2%82%AC%C2%A6%C3%83%C2%A2%C3%A2%E2%80%9A%C2%AC%C3%85%E2%80%9C
http://www.fepecs.edu.br/revista/Vol19_3art07.pdf
Livros:
- Lehninger- Princípios de bioquímica.
Postagem de Ana Luísa Neiva Melo